sábado, setembro 01, 2018




Brilhos, brocados, copos de cristal











Brilhos, brocados, copos de cristal

pirilampos nos cabelos



Desenterrais-me o olhar

das vossas cabeleiras com pérolas



Junto à porta ainda sinto o sufoco

a carruagem desenfreada, rua fora

o baile dos vagalumes

nas cabeças



A noite avança



Cofiam-se bigodes fartos, já sem políticas cartolas

Trincha-se

leitão luzidio, morto na travessa



Há toda uma armação

uma dobradiça que vos acompanha

para que vos senteis, elegantes, à mesa



O animal fumega



A violeta de Parma exala dos colos

! Ó femmes fatales!



(Comentais, entre risos, que Georges Sand prefere

ouvir Chopin com patchouli)



Não ouvis, lá fora, os acordes do povo sufocado

As execuções carecem de âmbar ou baunilha

Cheiram a carne assada. devoram

a liberdade absoluta.









(in “Victorianas” - pág. 18 e 19; Labirinto de Letras Editores, 2015)

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